sexta-feira, 16 de julho de 2010

Jogos de desenhar I

Há algum tempo venho tentando propor trabalhos de desenho para as séries iniciais do E. Fundamental que levem as crianças a sair de estereótipos, para que desenhem com mais imaginação. Mostrar desenhos de artistas para crianças e conversar sobre eles, na minha experiência, nem sempre é um fator de motivação. Por mais que doa a alguns professores, os desenhos animados da TV, das histórias em quadrinhos, dos personagens dos vídeo-games são MUITO mais interessantes como modelos para a faixa etária, por que alimentam um jogo, tocam no seu imaginário. As ilustrações das histórias infantis costumam sensibilizar mais que as reproduções de desenhos da chamada arte culta, que apesar disso, continuo trazendo para a sala de aula como este que vai aí abaixo. Mas observando a maneira como em situações de desenho as crianças criam histórias, estou sempre procurando elementos para alimentar estas narrativas. Encontrei há alguns anos um trabalho acadêmico que falava sobre os cadavres-exquis, os jogos de automatismo de artistas surrealistas como Marx Ernst, (há neste momento uma bela exposição no MASP de colagens deste artista) Joan Miró, Man Ray, Yves Tanguy, Tristan Tzara, entre outros.

Cadavre Exquis, 1926-27 - Man Ray, Yves Tanguy, Joan Miró, Max Morise Tinta e lápis colorido sobre papel, 37x23cm - The Museum of Modern Art, New York.

O jogo consiste em dobrar uma folha de papel tantas vezes quanto o número de participantes e, cada um a sua vez e sem que os outros vejam, fazer um desenho e exibir para o jogador seguinte apenas algumas marcas para que a partir dali ele continue o desenho. O resultado é sempre surpreendente, mas um pouco complexo para crianças desta faixa etária do E. Fundamental. Mas entendi que propor jogos de desenho poderia ser muito interessante para entrar na imaginação lúdica do desenho infantil. Vou mostrar de quando em vez, alguns destes jogos, uns que inventei e outros que aprendi com diversos arte-educadores, outros ainda retirei do livro Fazer e Pensar Arte da Anna Marie Holm.
O primeiro que vai aí abaixo é a conversa de dois desenhos. Proponho as crianças que em duplas façam um desenho que “converse” com o desenho do amigo. Vale escolher o tema, criar linhas que vão de um desenho ao outro, ou histórias que continuam no desenho do colega ou outra solução qualquer que façam os desenhos conversarem entre si. Via de regra acabava virando um trabalho conjunto, com ambos os participantes desenhando nos dois suportes. A proposta é simples e pode parecer que se trata apenas de desenhar em dupla. Propor que os desenhos conversem trás um desafio de interação e uma maior atenção para o que o outro realiza estimulando a que se mergulhe na história.
Para quem quiser aprofundar sobre os cadavre-exquis pode procurar o texto da Fabiane Pianowski em arquivo 'cached' do google porque o original foi removido.
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:N-pFK6NtmdYJ:www.psikeba.com.ar/articulos/FP_surrealismo_cadaver_exquisito.htm+Fabiane+Pianowski+cadavre+exquis&cd=1&hl=en&ct=clnk

2 comentários:

Carola Medina disse...

Quando o atelier estiver todo pronto, vc vem aqui e propõe pra gente fazer? muito bom isso!

Gérson disse...

Olá,
Meu nome é Gérson, sou também Arte-educador aqui BH-MG.
por indicação da Profª Silvia Prata estive por aqui, parabéns pelo trabalho de vocês.
Gostaria de também convidá-los a conhecer o meu (nosso) blog, que fiz para meus alunos e por lá poderão encontra muitas interessantes:
http://www.empeparte.blogger.com.br e outro que fiz para o meu curso de Pós-graduação em Arte Africana e cultura Afro=brasileira.
http://www.hcab.blogger.com.br
Grato pela atenção, aguardo por vocês por lá!