sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Espaço e materiais 5: desenhar e recortar

Uma das coisas que muitas vezes desorganiza o ateliê ou toma muito tempo do professor é a organização de materiais para o trabalho. Formas de organizar pouco claras em geral resultam em pouca autonomia do aluno no uso dos materiais, demandando um trabalho do professor que poderia ser compartilhado com o grupo, ou justamente resultam no contrário do que propõe, instalando a desorganização. A solução não é criar regras muito rígidas de organização, entre outros motivos, porque uma certa liberdade no uso de materiais é desejável para o trabalho criativo. As soluções que ilustro nas fotos foram utilizadas por muito tempo nos ateliês de umas das escolas que trabalhei, são simples e permitem que o professor mesmo à distância observe como seus alunos estão cuidando do espaço coletivo de materiais gráficos e tesouras.


terça-feira, 5 de outubro de 2010

Construções com sucata - animais

Recentemente organizando as centenas de fotos de trabalhos construção com sucata de crianças entre 4 e 7 anos, resolvi agrupá-las, entre outras características, pelos temas. Muitos bonecos, bonecas, casinhas, armas, diagramas, agrupamentos, mas me surpreendi em ver poucos animais. Fiz uma pequema seleção destas construções para vocês verem.




Jogos de desenhar VII

Achar caixas interessantes no sucatário da escola têm me dado ideias para propor jogos de desenhar com uma turma de 2º ano. Desta vez propus criarmos desenhos para um mundo em miniatura que ficaria dentro da caixa. Alguns desenhos são tão pequenos que os colei numa folha de papel colorido e acrescentei uma lupa para poder visualizá-los. Observe que uma das crianças fez o mesmo desenho em escala cada vez mais reduzida.



domingo, 3 de outubro de 2010

Amigos artistas - Workshop de cerâmica

Sirlene Giannotti, amiga e ceramista, está promovendo encontros e workshops em seu ateliê. Bem bacana, vale conferir.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Jogos de desenhar VI

Hoje levei uma proposta de brincar de desenhar para um grupo de 2º ano do E.Fundamental que venho trabalhando com desenho já há algum tempo. Elaborei esta pequena proposta a partir da observação de como as crianças desta idade misturam o desenho nas suas construções com sucata (veja o post Jogos de desenhar IV). Recebi esta semana de um pai de uma criança da escola um belo monstruário de papéis e quiz logo colocá-lo "na roda" para o uso nas aulas e esta me pareceu ser uma boa oportunidade. A idéia era procurar um objeto no sucatário que coubesse nesta fita de papel e continuá-lo com um desenho. Antes porém, na roda de conversa, exercitamos a nossa imaginação tentando visualizar em que vários pequenos objetos poderiam se transformar. Abaixo vão alguns dos resultados.

Neste trabalho o objeto escolhido foi a perna quebrada de um boneco.




Neste outro o desenho foi feito com a uma bota de um boneco usado como carimbo marcando as suas pegadas.



Aqui um pregador de roupa está no varal pendurando uma camisa.



Neste trabalho uma rolha é o nariz de um personagem.



Neste desenho o objeto é uma lupa que observa um inseto.


Aqui a criança usou um óculos de brinquedo. Uma lente serve para ver um dia de chuva e a outra um dia de sol.


sábado, 4 de setembro de 2010

Espaço e materiais 4: você sabe me usar?

Preocupados com a maneira como as crianças pequenas estavam cuidando dos materiais do ateliê, Marcelo Poletto e eu, resolvemos propor nas rodas de conversa este tema para reflexão. Para sistematizar o que as crianças iam elaborando no decorrer das aulas, com o auxílio adulto certamente, o Marcelo elaborou o painel "você sabe me usar?" onde registrava o efeito do uso adequado ou inadequado a cada material, com espaço para testes, experiências e discussões com as crianças. Esta iniciativa diminuiu a necessidade de intervenções diretas do professor sobre as formas de uso e proporcionou um cuidado maior sobre os materiais do ateliê indicando que as crianças conquistaram um uso mais consciente dos recursos da sala. As fotos foram feitas com o celular, mas são suficientes para ilustrar a iniciativa.

 
 
 
 

Espaço e materiais 3: linha do tempo

Tudo o que começa termina. Assim também é o encontro para criar que é a aula de arte da escola. Mas para a criança pequena criar está muito mais próximo do jogo, da brincadeira que é uma atividade sem começo, meio e fim diferente da aula de arte. Para a criança "dona da brincadeira", como diz Edith Derdik, pode ser difícil entender ou aceitar o fim da sua atividade, muitas vezes necessitando a intervenção do professor. Com a intenção de ajudar esta compreensão e permitir uma maior consciência sobre o seu tempo de criação e, consequentemente, apostando numa maior autonomia por parte da criança que  Marcelo Poletto fez este cartaz, que aprendeu nas suas andanças por Belo Horizonte. Uma linha do tempo móvel, em que o barbantinho vermelho vai indicando em que tempo a aula se encontra, que é ajustado por aqueles que estão atentos ao professor e que rapidamente noticiam a todos.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Espaço e materiais 2: caixas

Dando sequência à reflexão sobre espaço e materiais escrevo agora sobre um lugar possível para o caos dentro de uma estrutura organizada para o trabalho criativo que encontrei na minha experiência como educador. Outros devem haver.
Durante as oficinas de construção que eu oferecia para crianças pequenas, em certa época, eu estava preocupado em registrar os fatos e eventos que eu considerava significativos para a atividade. Um madeirinha que tinha quebrado porque o prego utilizado era grande demais, ou uma cola que não havia funcionado com determinado material, coisas assim. Achei que seria interessante, no lugar de criar um registro escrito, criar uma caixa que contivesse estas descobertas que iam acontecendo. Durante algum tempo a caixa funcionou com este propósito, mas comecei a perceber que as crianças de posse da caixa a estavam utilizando para guardar objetos interessantes para elas usarem em outro momento ou simplesmente para guardar algo bacana. E mais: começaram a trazer objetos e brinquedos quebrados de casa para guardar na caixinha. Percebi que a caixinha não era apenas de descobertas no sentido didático, mas descobertas estéticas que cada um ia fazendo com os materiais. O interesse pelos materiais em alguns momentos era maior que a própria atividade de construir. Com o tempo as caixas foram aumentando de tamanho e importância para abrigar a quantidade de materiais selecionados pelas crianças. Este era o espaço do caos criativo que eu encontrava e que sem dúvida proporcionava dentro do espaço coletivo e organizado da sala, um espaço de privacidade e intimidade para cada criança.

Na sequência das fotos abaixo pode-se ver algumas das diferentes configurações que a caixa de materiais teve ao longo do tempo, detalhes do interior e uma foto com um grupo de crianças trocando os materiais das suas caixas.





Espaço e materiais 1: ferramentas

Herbert Read em A educação pela arte diz que "a escola, em sua estrutura e aparência, deveria ser um agente ainda que inconsciente em sua aplicação, da educação estética". Talvez ele estivesse querendo dizer com isso que a organização e a apresentação do espaço influenciam de alguma forma na qualidade do que o estudante produz, do que ele expressa artisticamente, na medida em que esta organização permite a liberdade de movimento, a autonomia da ação criativa que é a autonomia do pensar criativo.
Rudolf Arnhein na obra Intuição e intelecto na arte, bem lembrado pelo Cláudio Barros, diz que "os materiais a serem utilizados devem possuir ordem inerente e permitir a criação de tal ordem a um nível de compreenção acessível à criança" pois "as crianças não podem adquirir o domínio daquilo que não compreendem, e quando são incapazes de compreender, só lhes resta fecharem-se em si mesmas."
Desde que me iniciei na arte-educação este aspecto me foi sublinhado pelas pessoas com quem eu trabalhava, coordenadores e professores colegas. No entanto eu descobri pela minha própria experiência no trabalho artístico e pela observação das crianças e jovens atuando no ateliê, que o espaço de criação é muitas vezes caótico e desorganizado, ou (desculpem a repetição) com uma "organização orgânica", ou seja caótica na aparência, mas funcional para quem cria. Compreendi que os espaços coletivos, estéticamente organizados e classificados, eram um poderoso convite à criação, mas que ao lado deles deveria haver também um espaço para a "organização orgânica", para um eventual caos individual. O caos, no entanto, dentro de uma estrutura organizada e clara para a criança.
Apenas como ilustração cito a artista e educadora dinamarquesa Anna Marie Holm que, no seu livro Fazer e pensar arte, radicaliza este caos criativo do ateliê de maneira bem interessante.
Nesta série "Espaços e Materiais" vou mostrar como ao longo dos anos tentei oferecer uma resposta a estas questões, começando por mostrar os armários e quadros de ferramentas das oficinas de construção que ministrei durante muitos anos em diversas escolas, públicas e privadas. Também nesta série vou mostrar como o espaço pode ser informativo e favorecer à reflexão sobre o próprio processo de criação, principalmente para as crianças pequenas.
A primeira foto é da "oficina itinerante", projeto que desenvolvi na periferia de Santo André na década de 1990, uma oficina que se deslocava entre diversos locais de encontro com crianças e jovens de comunidades carentes. As outras duas fotos são de espaços de trabalho em escolas.


quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Entrevista

O Blog ARTEDUCAÇÃO ONLINE publicou uma entrevista com Paulo Nin Ferreira e Cláudio Barros, autores do Forma & Conversa, inaugurando nas suas postagens uma série de entrevistas com arte-educadores. Veja em: http://arteducaoonline.blogspot.com/2010/09/entrevista-com-arteeducadores-1-claudio.html

sábado, 21 de agosto de 2010

Construindo uma casinha II

Uma criança para alguns adultos pode parecer desorganizada ou bagunceira porque não arruma espontaneamente seu quarto ou só guarda os brinquedos depois de muito apelo. Na brincadeira de construir com sucata de brinquedos quebrados que desenvolvo numa das escolas em que trabalho é muito comum aparecerem as casinhas que muitas vezes mostram muito senso de organização, um cuidado estético apurado na "decoração" do ambiente onde mora sempre um personagem. Nesta casinha feita por uma criança de 2º  ano com 7 anos de idade vemos um espaço muito organizado: o violão encostado num canto, um quadro na parede, os objetos guardados em caixas, uma cama arrumada, uma penteadeira, as armas e vários brinquedos dispostos no espaço. É a que o espaço que ela gosta de arrumar é o da sua brincadeira.








quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Jogos de desenhar V - painel de azulejos


Este trabalho foi desenvolvido pela arte-educadora Paula Tavares e pude contribuir com algumas idéias. As turmas do nono ano fizeram um estudo de meio em Brasília, dentro de um projeto de integração que envolvia a disciplinas de história, geografia, matemática, literatura e, também, artes visuais. Nas várias visitas às obras arquitetônicas da cidade os alunos viram vários painéis de azulejos de Athos Bulcão, que é também chamado de "o artista de Brasília" por compor, junto com outros artistas, a identidade visual da cidade, além, é claro, da arquitetura de Oscar Niemeyer. De volta à escola pensamos que seria interessante criar um painel que tivesse a cara de cada um. Propusemos que cada aluno realizasse seu projeto de painel pensando na unidade que poderia ser usada como um módulo, desenhando à sua maneira, sem a intenção de copiar o artista de referência. A sequência do trabalho era juntá-los num painel coletivo e para realizá-lo propusemos um jogo coletivo: O desafio seria unir os azulejos colocados sobre uma grande folha de papel, desenhando "azulejos" sobre o suporte unindo as linhas e compondo um grande mosaico de formas.


sábado, 7 de agosto de 2010

Jogos de desenhar IV

Uma das coisas que acho bastante interessante na produção de crianças pequenas é a facilidade com que mesclam o desenho à construção. Às vezes a ação é apenas para deixar uma marca sobre um objeto, outras completar o desenho colando um objeto acrescentando um novo elemento. Muitas vezes também tomam um objeto pela sua forma e desenham completando partes.  Fiz uma pequena seleção destes objetos-desenhos ou desenho-objetos.