sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Espaço e materiais 2: caixas

Dando sequência à reflexão sobre espaço e materiais escrevo agora sobre um lugar possível para o caos dentro de uma estrutura organizada para o trabalho criativo que encontrei na minha experiência como educador. Outros devem haver.
Durante as oficinas de construção que eu oferecia para crianças pequenas, em certa época, eu estava preocupado em registrar os fatos e eventos que eu considerava significativos para a atividade. Um madeirinha que tinha quebrado porque o prego utilizado era grande demais, ou uma cola que não havia funcionado com determinado material, coisas assim. Achei que seria interessante, no lugar de criar um registro escrito, criar uma caixa que contivesse estas descobertas que iam acontecendo. Durante algum tempo a caixa funcionou com este propósito, mas comecei a perceber que as crianças de posse da caixa a estavam utilizando para guardar objetos interessantes para elas usarem em outro momento ou simplesmente para guardar algo bacana. E mais: começaram a trazer objetos e brinquedos quebrados de casa para guardar na caixinha. Percebi que a caixinha não era apenas de descobertas no sentido didático, mas descobertas estéticas que cada um ia fazendo com os materiais. O interesse pelos materiais em alguns momentos era maior que a própria atividade de construir. Com o tempo as caixas foram aumentando de tamanho e importância para abrigar a quantidade de materiais selecionados pelas crianças. Este era o espaço do caos criativo que eu encontrava e que sem dúvida proporcionava dentro do espaço coletivo e organizado da sala, um espaço de privacidade e intimidade para cada criança.

Na sequência das fotos abaixo pode-se ver algumas das diferentes configurações que a caixa de materiais teve ao longo do tempo, detalhes do interior e uma foto com um grupo de crianças trocando os materiais das suas caixas.





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